Karl Landsteiner

-Entendo mas veja...acho que o motivo primordial de nós estarmos em uma cidade é devido a nossa natureza, é claro que existem os que vagueiam por ai, mas é nossa necessidade estar perto de pessoas... , não podemos viver longe disso...esse é só o motivo físico por assim dizer , precisamos também do contato com o mundo, para nos alimentar a alma ,podermos nos sentir vivos novamente - a mente de Karl borbulhava com ideias utópicas -Mas se isso não fosse uma necessidade e sim um luxo...sabe, se não fosse necessário se alimentar das pessoas para nos sustentar , a fronteiras não mais importariam , seria um grande trunfo para nós...penso até que desse modo... poderíamos viver eternamente juntos sem jamais nos importar com mais nada só eu e você... - Karl contemplou sonhador essa possibilidade mas então caiu na real -foi uma ideia boba...eu não iria querer que você se afastasse da cidade, da vivencia com o mundo, você adora isso - suspirou Karl ao perceber que suas ideias eram realmente impossíveis

— Se não precisássemos nos alimentar de pessoas... — Jenny parece meditar naquela idéia por um momento —... acho que seríamos mais felizes.

como Jenny era bondosa , sabia que ela havia aceitado o amor dele mas não tinha certeza se era reciproco , evitava pensar nisso, como alguém que ao se deparar com uma raio de esperança tão ínfimo prefere não contestar sua veracidade temendo destruir essa pequena esperança que crescia, preferia deixar o sentimentos que ela poderia ter por ele na área das hipóteses , o que não era tão ruim já que na ciência muitas coisas consideras solidas eram ainda teorias.

Mas no fundo Karl sabia que ela não concordou com muito do que ele disse, mas mesmo assim não se entristeceu, admirou-a , ao invés de desmotiva-lo ela simplesmente não comentou sobre o que não concordou e procurou retirar das palavras dele algo de bom, essa era Jenny , sempre procurava ver o ponto positivo de todas as coisas, enxergar a beleza da vida nos momentos obscuros , essa era a Jenny que trouxe Karl novamente para luz , a mulher que ele amava.

-Se isso te faria feliz...- Disse karl pensando - Não poderei jamais desistir dessa ideia, vou busca-la com afinco e juro que irei conseguir concretiza-la , você me fez tanto Jenny...poder lhe trazer um sorriso ao rosto é minha unica motivação e a única recompensa que eu espero alcançar... - Karl estava sonhador novamente , era fácil ficar sonhador ao lado de Jenny , aquelas palavras eram para ele como juras de amor eterno , somente desejava ver Jenny feliz, e agora tinha a chance de lhe proporcionar isso , o fato da ideia ser impossivel pouco importava , pois agora Karl sabia que o amor pode todas as coisas.

O coração de Karl se enche de alegria quando suas mãos são envolvidas por Jenny ,aquelas palavras eram demais para ele , palavras grandiosas demais para descrever alguém tão minimo como ele , ouvir aquelas palavras vindo da pessoa que mais amava era uma sensação indescritível, era como se a realidade se curvasse em torno dos dois e toda existência tivesse sido criada com o único proposito de ser um palco para aquele momento incrível...mas então as palavras continuaram, tinham de continuar e falaram exatamente aquilo que ele suspeitava mas nunca quis encarar , ela de fato se alegrava com o amor de Karl, mas não o amava...não , não o amava como ele a amava , e nunca amaria , as palavras "Meu compromisso..." selaram esse fato, sim, um compromisso eterno...Karl percebeu que no coração de Jenny jamais estaria em primeiro lugar , estaria relegado a ele o papel de ser uma mera sombra ,sempre presente , real...mas inalcançável ao toque...

Karl suspirou de uma forma indecifrável até para ele mesmo ao final daquela frase , eram muitos os sentimentos que lhe fustigavam a alma , "nenhum trato ou convenção irá diminuir o afeto que nos une"...Sim, não iria mesmo , Karl certamente continuaria a amar Jenny daquela forma independente de qualquer coisa , mas no fundo uma pequena tristeza nascia , estaria preso para sempre naquela solidão acompanhada , ao mesmo tempo prazerosa e dolorosa , o Amor que sentia por Jenny não era um simples adorno ao que constituía o individuo chamado Karl, aquele amor era o próprio Karl , dedicado febrilmente aquele sentimento , não restava outro destino que não se tornar uma sombra...pois negar aquele amor, era negar a si mesmo...por fim Karl não conseguiu emitir palavra alguma, não havia nada para falar , então apenas sorriu , um sorriso triste, mas genuíno

Através daquelas palavras que demonstravam verdadeira paixão pela politica Karl pôde perceber a verdadeira importância de Greewich , outrora pensava que essa fixação por territórios era apenas um anacronismo de vampiros antigos que achavam que espaços físicos ainda eram o pertence de maior valor , mas agora percebia que estava sendo simplista demais nesses pensamentos, subestimando a importância da politica justamente por não gostar dela.

-Entendo...acho que fui simplista demais em minhas concepções sobre a importância de um território - a leve tristeza que começava a surgir se tornou ligeiramente letargica em seu crescimento, devido ao repentino interesse que Karl desenvolveu pelo tópico apresentado - e é claro...como poderia esquecer, além de tudo que você disse...Greenwich é o nosso lar-

Karl realmente não tinha certeza dessas palavras , mas todos aqueles momentos que passou com Jenny em Greenwich o faziam ver o lugar com bons olhos, mas outros pensamentos também começaram a lhe tomar a mente , Jenny era casada com Charles um Arquiduque , aliais, o principal arquiduque , será que Jenny não era uma "mártir" da causa tremere? tendo que representar aquele papel e aquele compromisso somente para que Greenwich não fosse tomada? Talvez Jenny ainda escondesse muitos segredos de Karl...talvez até sofresse em silencio mas sorrindo por fora , Karl ficou ligeiramente feliz pela possibilidade dela não Amar de fato Charles mas não pôde deixar de se entristecer um pouco por Jenny ter que fazer aquilo , secretamente jurando a si mesmo que um dia conseguiria fazer Jenny abandonar todas aquelas obrigações que a machucavam tanto e a faziam abdicar de seus próprios desejos e liberdade em prol do clã .