Arthur Taylor

**Giselle** Qui Jul 28, 2011 7:44 pm

ST MARY'S COLLEGE, OSCOTT - BIRMINGHAM - 12/MAI/1983 - 23:45 - NARRAÇÃO - ARTHUR TAYLOR

Arthur sente-se sonolento, mas precisa terminar seu Completorium (Noctu Recitatur)[1] e cantar a Nunc dimittis[2], mas subitamente, ele ouve um ruído e vê, novamente, uma silhueta furtiva esgueirar-se pelo corredor.
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[1] As Completas (do grego, πλήρης) também Oração da Noite, (ou Orações ao Fim do Dia) é o serviço da final da Igreja (ou Ofício) do dia na tradição cristã das horas canônicas. As Completas, palavra em Portugês é derivado de 'completorium' em Latim, como as Completas é a conclusão da jornada de trabalho. A palavra foi usada pela primeira vez, neste sentido, sobre o início do século 6 por São Bento em sua Regra (Benedicti Regula; seguir, RB), nos capítulos 16, 17, 18 e 42, e ele ainda usa o verbo complere significar Completas: "Omnes ergo em compleant unum positi"("Todos têm reunido em um só lugar, diga-se Completas"); "et exuentes um completorio"("e, depois de sair do Completas ...") (RB, Cap. 42.). Nas Igrejas, Católica, Ortodoxa, Anglicana, Luterana e de outras denominações cristãs, com tradições litúrgicas prescrevem os serviços das Completas. Completas tende a ser um exercício contemplativo, que enfatiza a paz espiritual. Em muitos mosteiros é o costume de começar o "Grande Silêncio", após as Completas, durante os quais toda a comunidade, incluindo os conversos, observa o silêncio durante toda a noite até que o culto da manhã no dia seguinte. São rezadas à noite, geralmente antes de dormir, mesmo que já tenha passado da meia-noite.

[2] Nunc dimittis (também conhecido como Cântico de Simeão) é uma passagem da Bíblia, especificamente do evangelho de São Lucas (2:29-32) e tem este nome devido as suas primeiras palavras em latim (Nunc dimittis servum tuum, Domine...)
De acordo como Livro de Lucas, Simeão era um homem justo e havia recebido a promessa de que não morreria até ver o Redentor. Tendo os pais de Jesus trazido o menino ao templo para cumprir o preceito da lei judaica referente a consagração do primeiro filho (algo em torno de 40 dias após o nascimento, que não se confunde com a cerimônia de circuncisão). Simeão estava lá e tomou Jesus em seus braços recitando o cântico que até hoje é usado pela Igreja na celebração das Completas.

Arthur Taylor Qui Jul 28, 2011 8:06 pm

Com o pesar demasiado do sono, Arthur mantém um pleno silêncio, enquanto busca o estado de paz espiritual. Pronto para iniciar o honrado cântico de Simeão, o estado meditativo do jovem cristão, é quebrado por um breve ruído. Com um discreto olhar, Arthur sente-se mais uma vez confrontado pelo medo, ao ver a estranha silhueta esgueirar-se pelo corredor. O jovem que até então havia ficado calado a respeito dessa presença soturna, se levanta, e com certo receio, segue discretamente corredor adentro, a procura da pessoa que vinha o observando durante algum tempo.

**Giselle** Sáb Jul 30, 2011 8:56 am

Cautelosamente Arthur desce pela escadaria interna do seminário.

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Passando pela Capella.

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E chegando a moderna biblioteca (que está sempre com as luzes acesas, pois alguns estudantes sem sono sempre aparecem para aperfeiçoar seus conhecimentos), onde, seguindo o barulho, Arthur percebe uma irregularidade no piso.

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O jovem seminarista percebe que um os entalhes no piso é, na verdade, um dispositivo muito engenhoso, embora obviamente antigo para levantar um alçapão. Arthur vacila por um momento, pensando se não é mais prudente avisar alguém a respeito disso.

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Arthur Taylor Sáb Jul 30, 2011 10:01 am

Temendo o que pode estar guardado ali dentro, Arthur olha de volta para trás observando o caminho que fez até o local. Talvez o que estivesse guardado no interior daquele aposento, não podia ser revelado aos seminaristas, e adentrar ali poderia trazer problemas ao jovem, caso fosse descoberto. Mas ao mesmo tempo, a curiosidade, o medo, e a vontade de descobrir de uma vez por todas quem era aquele ser que o observava da escuridão, gritava mais alto em sua mente.

O jovem cristão queria de uma vez por todas saber quem era a pessoa por trás das sombras, e assim, ele adentra a estranha passagem no piso. De forma cautelosa, evitando acima de tudo causar alarde, ele mergulha na escuridão em busca da sombra que já o fez perder o sono por várias noites...

**Giselle** Dom Jul 31, 2011 11:24 am

Cinco minutos imerso na escuridão claustrofóbica e Arthur já muda de idéia. Os chiados dos ratos podem ser ouvidos cada vez mais próximos atrás das paredes e mais de uma vez o seminarista sente teias de aranha roçarem em seu rosto e sua imaginação faz com que ele pense sentí-las descendo por suas costas.

Arthur Taylor Dom Jul 31, 2011 4:59 pm

Imerso na escuridão, a respiração do fiel Arthur, agora começa a se acelerar de forma agonizante. Cada vez mais, o medo devora o cristão, a velocidade de sua caminhada, já não é mais a mesma, assim como a coragem que o sustentava há minutos atrás, começa a ser subjugada pelo pavor claustrofóbico do recinto. As batidas do coração divino do jovem se aceleram de acordo com os chiados agonizantes que surgem nas trevas a sua frente. Envolto nas trevas impuras que o local oferece, filetes de suor escorrem pela testa do seminarista. Ao sentir as teias de aranha, Arthur pode imaginar os aracnídeos dançando entre teias e vez ou outra deslizando pelas suas costas. Isso o faz soltar um pequeno grito abafado, e sem pensar, ele começa a retroceder o caminho que fez vez ou outra clamando a Deus, enquanto tenta sair daquele local o mais rápido que pode.

- Deus, todo poderoso! Ajude-me!

**Giselle** Seg Ago 01, 2011 6:18 am

Uma vez de volta a biblioteca, o susto começa a arrefecer e o coração de Arthur volta a bater normalmente. O seminarista não sabe dizer que loucura o levou a entrar no alçapão, mas certamente ele nunca mais cometerá tamanha loucura novamente. Suas roupas estão imuncas e ele tenta imaginar o que lhe dirão quando as virem.

Arthur Taylor Seg Ago 01, 2011 5:26 pm

Com passos rápidos e cautela, Arthur começa a seguir rumo aos dormitórios. Ele tenta esquecer o máximo que pode o tormento que se esconde sob o seminário, e tudo o que deseja é nunca voltar naquele lugar. Por mais que ele deseje descobrir quem se esconde naquele lugar, a escuridão sufocante lá em baixo o faz perder a coragem.

Assim, ele segue adiante, tentando ser o mais cauteloso possível e não causar nenhum alarde. Pois certamente se alguém descobrir que ele esteve lá, as coisas tendem a mudar. E esse era o seu medo.

**Giselle** Ter Ago 02, 2011 5:59 am

O seminarista não consegue dormir. Ele precisa explicar o que houve com suas roupas e o demônio quer tentá-lo a mentir, mas ele reza para que os anjos do Senhor o ajudem a resistir a essa tentação.

Arthur Taylor Ter Ago 02, 2011 5:50 pm

Súplicas e clamores a Deus. Arthur agora tinha certeza de que não deveria ter adentrado aquela escuridão, e isto tornou um verdadeiro inferno à mente do jovem. Ele vira de um lado para outro, e quando se da conta de que o sono foi substituído pelo inferno que se formou em seu consciente, ele se levanta da cama e cai de joelhos, entoando orações. A cada palavra dita, mesmo tentando evitar ele fita as vestimentas imundas jogadas no canto do quarto, vestimentas estas que se inundaram com a sujeira lá de baixo.

“ Se eles descobrirem onde estive, isso pode arruinar meu futuro aqui. Ó Deus, ó poderoso Cristo redentor, perdoe-me pelos meus pecados. “

Logo ele se levanta e caminha lentamente na direção de sua roupa imunda, e cuidadosamente ele recolhe aqueles trapos do chão, embrulhando-os e em seguida os escondendo no fundo de seu armário. Quando se dá conta de que o sono realmente a muito se perdeu, o garoto apanha seu escapulário e sai pelos corredores, orando em baixo tom e suplicando a deus para que nunca mais tenha que voltar naquele local.

**Giselle** Qui Ago 04, 2011 4:31 am

Arthur sente seu coração pesado. Ele está deliberadamente escondendo as evidências de sua excursão proibida ao porão do seminário. Isso é tão completamente errado que a culpa faz com que seu coração acelere tão descompassado quanto quando estivera entre aranhas e ratos. Ele precisa se confessar, precisa pedir perdão a Deus e aos mestres por esse terrível pecado. Certamente haverá punição, mas manter esse fato escondido poderá lançar sua alma imortal no inferno.

Arthur Taylor Qui Ago 04, 2011 6:44 pm

Perambulando pelos corredores, o medo recente que atormenta o consciente de Arthur, começa a ser confrontado pela culpa. Arthur para por um momento, fixando o seu olhar piedoso em um grande crucifixo, a dor retratada pelo nazareno naquela imagem, é o suficiente para que Arthur repense em seus atos, e obtenha a certeza de que não pode mais alimentar uma mentira.

Decidido a livrar-se daquele peso em sua consciência, a manter sua alma pura com o Santificado, o jovem cristão deixa-se levar pelo certo, e assim o som emitido pelo bater de seus pés no mármore, apressadamente, pode ser ouvido. Arthur segue para a capela, onde procura por um dos Frades, com quem possa se confessar.

**Giselle** Sex Ago 05, 2011 5:24 am

Dia e noite, sempre um dos padres está no confessionário na capela do seminário e Arthur, sabendo disso, desce novamente as escadas para deixar sobre o Cordeiro de Deus o peso de suas falhas.

Como sempre, as portas do confessionário estão fechadas, mas desta vez, o seminarista sente medo do que se esconde por trás delas. É quase a mesma sensação de crescente tensão que o acompanhou durante sua descida ao porão da biblioteca.

Arthur Taylor Sex Ago 05, 2011 8:02 pm

Os passos rápidos do aprendiz terminam assim que o último degrau da escadaria é deixado pra trás. O noviço é tomado pela cautela, e atentamente, adentra a capela em busca do confessionário. Suas portas estão fechadas, e a cada passo dado por Arthur, os tormentos que passara no subsolo, vão surgindo como flashes em sua mente. As mãos do aprendiz são tomadas por um leve tremor, e o medo começa a ser desenterrado em seu consciente.

- Deus, ne derelinquas me.¹

Passo a passo, ele prossegue até o confessionário, tentando afastar a sua mente, do medo que o atormenta.

___________________________________________________

¹ - Ó deus, não me abandones.

**Giselle** Sáb Ago 06, 2011 6:49 pm

Ao fechar a porta atrás de si, Arthur sente lhe faltar o ar. O medo agora é tão terrível que ele sente uma imensa vontade de sair correndo para seu quarto e se esconder embaixo das cobertas.

A pequena janela que o separa do que quer que esteja do outro lado, se abre e uma voz lúgubre sai de lá, junto com um inconfundível odor de putrefação:

— Você nunca deveria ter descido naquele porão, humano. Agora: fique parado aí.

O terror o imobiliza, enquanto sua mente tenta racionalizar os acontecimentos e buscar qualquer explicação lógica para aquilo. Tudo em vão.

O rosto, se é que se pode chamar aquilo de um rosto, que ele vê através da janela estreita não é outro senão do diabo em pessoa e seus olhos brilham com as chamas da danação. Arthur não consegue se mexer, mesmo quando a coisa abre a porta e caminha até a sua porta, a abre e o carrega para debaixo da biblioteca novamente.

Arthur Taylor Dom Ago 07, 2011 6:00 pm

Tomado pelo medo, possuído pelo pavor. Com a mão direita, o cristão segura fortemente seu rosário e clama por Deus, suplica por força e fé em seu encontro com o Diabo. Um nó em sua garganta lhe dificulta as orações, e o miasma que emana da besta lhe infesta o olfato, trazendo fortes náuseas. Amedrontado, o noviço apenas clama pelo sangue de Cristo, enquanto o monstro o toma para si.

- Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

Com dificuldade, Arthur permanece a exclamar o nome do senhor, enquanto a criatura o leva para as sombras...

**Giselle** Seg Ago 08, 2011 5:39 pm

O monstro joga Arthur em um colchão maltrapilho e, embora ele não possa vê-lo, por conta da escuridão, ele consegue sentí-lo embaixo de si.

Um par de olhos demoníacos refulgem com uma cintilação rubra, mas ele não fala nada. Talvez esteja esperando que Arthur termine a prece.

Arthur Taylor Seg Ago 08, 2011 6:54 pm

Perdido na escuridão, clamando pela salvação divina que parece não atender. Lágrimas rolam pela face de Arthur, enquanto ele é levado pelo demônio, para dentro dos aposentos da morte. Sua costas batem fortemente em algo que exala cheiro de mofo. O católico se contorce, rastejando pelo solo imundo, na busca desesperada de escapar das garras do ceifador. Os olhos flamejantes o fitam a todo instante, e com o rosário em punhos, ele permanece a balbuciar suas orações, entre soluços.

Deus do Céu, Deus da Terra, Deus dos Anjos, Deus dos Arcanjos.
Deus dos Patriarcas, Deus dos Profetas, Deus dos Apóstolos.
Deus dos Mártires, Deus dos confessores, Deus das virgens.
Deus que tendes o poder de dar a vida depois da morte, o repouso depois do trabalho;

Porque não há outro Deus senão Vós; e não pode haver outro a não ser Vós; o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, cujo Reino não terá fim;
Com humildade suplicamos que a Vossa Gloriosa Majestade se digne livrar-nos poderosamente, e guardar-nos sãos e salvos de todo o poder, laço, mentira e malvadez dos espíritos infernais.
Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Das emboscadas do Demônio, livra-nos Senhor.

**Giselle** Ter Ago 09, 2011 4:24 am

Em seu desespero, Arthur rasteja sem rumo, mas um bafejo fétido arde em suas narinas mostrando que ele está próximo ao esgoto. O monstro se colocara entre ele e a escada de modo que Arthur só tem duas alternativas: ou luta com o diabo para voltar ao seminário ou sai às cegas esgoto adentro.

Arthur Taylor Ter Ago 09, 2011 8:18 am

Em sua dolorosa labuta para escapar das garras do ceifador, Arthur rasteja de forma desesperada, e quase cego pelo medo o cristão tenta evadir rumo ao esgoto.

- Ó Deus que amparaste aqueles que necessitam. Eu suplico Senhor, eu acredito no poder de vosso sangue! Ajude-me Senhor!

Durante o desespero, ele deixa seu rosário cair, e mergulhado na escuridão ele o deixa para trás. Assim, Arthur Taylor se arrasta como um verme para onde vem o odor putrefato dos esgotos.

**Giselle** Qua Ago 10, 2011 5:36 am

O terrível odor que emana do esgoto já fez com que Arthur vomitasse várias vezes e ele agora rasteja sobre o próprio vômito e na ânsia desesperada por salvação ele nem sequer repara naquilo. O seminarista sabe que deve haver algum corredor estreito por onde possa caminhar sem mergulhar na água poluída, o que certamente o levaria a uma morte horrenda, mas sem a iluminação adequada, ele precisa tatear as paredes para encontrá-la.

Arthur Taylor Qua Ago 10, 2011 6:45 pm

A espera do socorro divino que não veio, Arthur levanta-se cambaleando e se choca com a parede. Com as costas coladas à parede, o noviço começa a seguir esgoto adentro, o medo rege o seu olhar, que a todo o momento é voltado para o ser que o persegue.

- O que quer de mim?!?

- Socorro! Alguém me ajude!!

- Não era a minha intenção descer por aquela passagem no piso, eu juro. Poupe minha vida.

- Ó Pai, por que me abandonaste?

**Giselle** Qui Ago 11, 2011 8:21 am

A todo momento o brilho vermelho dos olhos demoníacos o segue.

Andar na pequena fresta torna-se uma tarefa cada vez mais perigosa, especialmente devido ao pavor que toma conta do seminarista. A todo momento ele escorrega na superfície lamacenta e quase mergulha em escrementos.

Arthur Taylor Sáb Ago 13, 2011 12:02 pm

Com uma imensa dificuldade Arthur segue adiante, agora já não clamando mais a Deus. O cansaço, a dificuldade de caminhar na escuridão, o medo e o caminho tortuoso diminui cada vez mais as esperanças do rapaz de escapar dalí. Sua cabeça começa a doer, e agora levado pelo desespero, Arthur em um ímpeto de pavor se atira na direção da criatura que o segue. Com os punhos fechados, tomado pelo desespero o rapaz golpeia a escuridão, na direção da criatura.

**Giselle** Dom Ago 14, 2011 9:58 am

Os dois pontos de luz nem se mexem quando a criatura agarra o punho de Arthur e, num movimento rápido, o atira de volta a plataforma onde estava.

— Onde está seu Deus agora, padre? — o demônio está dizendo — Vamos, reze para que Ele me fulmine com um raio.

Arthur sente dores por todo o corpo, mas ele entende que tudo aquilo foi uma providência divina, pois agora o diabo já não está mais entre ele e a escada. Ele pode correr, embora às cegas, chegar ao alçapão e alcançar a biblioteca.

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ST MARY'S COLLEGE, OSCOTT - BIRMINGHAM - 12/MAI/1983 - 23:50 - NARRAÇÃO - ARTHUR TAYLOR

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