The Nightly Telegraph
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Devus (meu personagem favorito)

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Mensagem  Giselle Qui Ago 18, 2011 8:45 pm

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Findado o Ritual, Naga bate com o pé direito três vezes e Devus parece ter piscado, embora ele saiba que ele nunca pisca, não mais. A cena diante de si continua a mesma, mas alguns elementos parecem estar ligeiramente diferentes. A grotesca imobilidade dos vampiros ao seu redor o incomoda, até que a presença de uma sexta pessoa se faz sentir. Um som quebra a monotonia estática e Devus olha em sua direção.

A porta aberta parece dividir a cena em duas. Do lado de cá, ainda é a casa onde Naga acaba de fazer o ritual da Valderie. Do lado de lá, a velha casa que Devus costumava dividir com Alice em Lewisham pode ser visto em cada um de seus dolorosos detalhes. E dentro daquele quarto, uma presença familiar se faz sentir. Talvez seja a brisa matutina a movimentar as cortinas, talvez a luz do sol aquecendo a cama, talvez seja o cheiro — embora não haja realmente cheiro algum — de chá recém-preparado. Ela está lá e Devus agora sente sua presença com tanta intensidade que mesmo sem querer, lágrimas rubras escorrem por seu rosto.




Sou o mais morto dos espantalhos.
O quão inapropriado é este sorriso de sangue a esta face que só sabe se desfalecer em lágrimas?
Meu amor, vou te trazer de volta, nem que eu tenha que queimar o mundo com minha paixão. Sua voz é uma doce promessa que me trás ódio e magoa a alma. Quanto tempo vai durar este tormento? Esta distancia?
Talvez mais tempo do que eu possa suportar.

Quando vejo a porta, caminho instintivamente em sua direção. Isso não deveria estar ali. Isso não pode estar ali.
O sol. A maldição de deus.
Dane-se o sol, Alice esta ali dentro, e eu preciso encontra-la.
Eu atravesso a porta, e procuro por meu amor.

Assim que cruza a porta o cheiro de comida lhe faz lembrar como está faminto. O sol incide sobre sua pele e o calor faz com que ele suspire. As coisas simples da vida voltam para ele. O ato de respirar, de deixar-se esparramar pela cama preguiçosamente enquanto o sol lhe acaricia a pele e até mesmo a desagradável sensação da fome faz com que Devus sinta algo que é muito raro em sua vida: Felicidade.




Alice está na cozinha, como sempre, comendo algo que ela comprou com o dinheiro de Devus e esquentou no microondas.

— Que foi? — ela lhe pergunta — ‘Tá com uma cara de retardado. Esse é o último. Se quiser mais vai ter que comprar.

Como de hábito, há desprezo em sua voz. Esta é a verdadeira Alice, como Devus compreende tardiamente. Aquela outra Alice, toda doce e dengosa era uma farsa criada pelo Demônio para forçá-lo a vender sua alma. Esta aqui é mulher real e ela, como sempre, parece odiá-lo. Devus sente os lábios formarem um sorriso e, por mais que tente, não consegue deixar de suspirar. Um pensamento lhe passa pela mente e ele fica brincando com ele. Nunca lhe havia ocorrido, mas apesar de todo o aparente desprezo e ódio que ela nutria por ele, aquela garota nunca o abandonou, como tantas pessoas o fizeram no decorrer de sua existência.




Eu não preciso de uma alma, não preciso de mais nada. Meu amor esta comigo.

Estou vivo. Quando estou com ela, sinto-me eufórico e extasiado, como se as nuvens do firmamento e suas formar incertas não tivessem mais beleza, como se o canto dos pássaros matutinos fosse desarmônico, como se o cheiro da comida e a fome – e deus, como senti falta da fome – não fossem nada. Toda a beleza pertence única e exclusivamente a ela, minha musa imperfeita, tão célebre no desprezo, tão completa no ódio.

Meu amor.

Todas as provações parecem ter acabado. Todas as noites de dor, sangue, magoa e lagrimas agora se encolhem em minha mente, como uma lembrança sombria do tormento que se fez necessário para engrandecer ainda mais este momento sublime.
Caminho até ela lentamente, me embriagando com seu cheiro e mentalizando a textura e o gosto de seus lábios.
Quando estamos próximos, as palavras que eu tanto ansiei em dizer saem com naturalidade.

- Que bom que você esta aqui comigo, Alice. Eu te amo.

Abro meus braços para envolve-la.




Devus não pode dizer que a reação dela é surpreendente. Na verdade, a mesma coisa sempre acontece quando ele tenta abraçá-la. Ela simplesmente aponta a faca na sua direção e diz:

— Fica aí, Dev. Senão eu te furo.

Com o tempo, ele havia notado que Alice tem uma maneira peculiar de demonstrar carinho e o fato dela não ter ameaçado com mais entusiasmo e chamá-lo de Dev é uma indicação de que ela gosta dele. Ou, pelo menos, é isso que ele espera.

Alice sempre fica sentada no mesmo lugar, entre Devus e a saída, mas ela sempre foi meio paranóica mesmo. Sempre procurando um ponto de fuga, sempre observando as pessoas. Ela só conseguia transar com ele quando o amarrava na cama e nunca, nunca mesmo, dorme na cama. Aliás, desde que a conhecera, nunca a vira dormir. Ela normalmente vem para a casa de Devus, come sua comida, às vezes transa com ele, mas nunca fica por ali.

De noite, ele sabe, ela rouba carros e os vende para LaCroix, um mafioso local que está sempre tentando levá-la para a cama.




Sorrio mais uma vez, enquanto encolho meus braços.
Essa é minha Alice, meu amor,meu verdadeiro e único amor.
Estar em paz é uma sensação estranha e alienígena, como se o simples fato de poder observar seu sorriso sem temer perder o controle e devorá-la fosse a maior das recompensas, conquistada após inigualáveis provações.
Me encosto em uma parede próxima, e ainda tomado pela euforia, tento me aproximar dela de outra maneira:

- Como foi sua noite, meu amor?

Minha querida ladra. Que outros corações você roubou alem do meu?
Desvio meus olhos da forma perfeita dela, e observo a chave do meu carro pendurada no balcão da cozinha.

- Você sabe que não precisa de nada disso, meu amor.

Acho que ela entendeu o que eu quis dizer. Você não precisa dele. Eu odeio saber que você esteve com ele.
Abro a geladeira e finjo estar procurando algo pra comer, e, tentando disfarçar minha raiva, eu continuo:

- imagino que ele deva pagar bem pelos carros. Mas será que vale o risco?

Anseio pelo resposta dela, segurando a porta do congelador com tanta força que chego a sentir dor. Depois, fecho a geladeira e me viro de costas pra minha amada. Eu preciso fazer alguma coisa pra provar pra ela que eu mereço ela mais do que ele. Mas o que eu tenho a oferecer que ele não tem?




— O que ‘cê tá dizendo, Dev? — Alice fala rispidamente, mas ela o chamou de “Dev” e isso basta para fazer seu coração parar por um instante — Que eu arrume um empreguinho merda de garçonete ou algo assim? Eu sou a melhor no que faço, embora o que eu faço não seja agradável. Quanto ao risco... toda vez que ‘cê atravessa a rua tem um risco. Toda vez que ‘cê transa sem camisinha, toda vez que ‘cê come uma coxinha engordurada naquele pardieiro que é o Sputnick, toda vez que ‘cê bebe uma breja... tudo isso é risco, baby.

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Mensagem  Helton Sex Out 26, 2012 5:23 pm

- A...As chances de você ir pra cadeia por ser uma garçonete não são muito grandes. As de levar um tiro ou se-sei lá o que também.

Minha voz oscila, treme. É uma batalha perdida, principalmente por ela não querer lutar, não querer me ouvir. Suspiro pesadamente enquanto me viro de volta e perco um segundo contemplando seu semblante. Não, não tenho o que oferecer, eu já dei a ela tudo o que eu era e tudo o que eu considerava importante. Não consigo compreender o que faz com que ela continue comigo, mas sei que sem ela eu é que não tenho motivo algum para existir.

- Eu fico mu-muito preocupado, meu amor. Só isso.

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Devus (meu personagem favorito) Empty Narração - Devus

Mensagem  Giselle Ter Out 30, 2012 4:19 am

Alice se aproxima com a lâmina na mão.

— Sabe — ela diz — as chances de você morrer só por me irritar são maiores do que qualquer coisa me acontecer.

Devus não sabe o quanto ela está falando sério.

— Agora, pára de se meter na minha vida — ela diz, empurrando-o para o quarto.
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Devus (meu personagem favorito) Empty Re: Devus (meu personagem favorito)

Mensagem  Helton Ter Out 30, 2012 7:58 pm

Eu não resisto. Nunca.

Faço com que meus olhos parem nos dela e contemplo a possessão cega. Não consigo identificar o que a motiva, se é ódio ou desprezo. E eu a desejo. Desejo tê-la por que essa é a unica coisa que fará com que a existência de tormento faça algum sentido. Se for a morte o preço, eu pagaria, de novo e de novo, até o fim do tempo.

Deixo que ela me conduza, com cuidado para não tropeçar e parecer um pouco mais patético do que de costume. Penso em uma frase mágica, um dom de poetas que expressa tudo aquilo que é belo e digno no mundo, e deixo que ela morra em minha garganta. Eu a amo - sim - a amo mais do que qualquer coisa. E o silêncio que cai sobre meus ouvidos a cada vez que profiro essa frase é a unica aflição do universo pior do que a solidão pura e plena.

Alheio a qualquer que seja o objetivo de meu amor, espero por seu golpe e seu beijo com a mesma ânsia.
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Devus (meu personagem favorito) Empty NARRAÇÃO - DEVUS

Mensagem  Giselle Seg Nov 05, 2012 5:05 am

— Deita na cama — ela diz, secamente.

É uma ordem, como sempre. E lá estão os lenços com que ela sempre prende Devus, sempre deixando-o na angústia de que, um dia, ela não irá soltá-lo e partirá para sempre de sua vida.
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Devus (meu personagem favorito) Empty Re: Devus (meu personagem favorito)

Mensagem  Helton Seg Nov 05, 2012 6:09 am


Encaro os lenços e sinto meu patético resquício de coragem desaparecer. O líbido e a apreensão sobem por minha garganta, rasgando com unhas frias enquanto meu íntimo enrijecia-se com a perspectiva libidinosa de que mais uma vez eu seria totalmente dela. Uma vez e para sempre, em um orgasmo mágico e nos espasmos apaixonados de tudo aquilo que era verdadeiro em mim.

Antes de me deitar, sinto os pulsos e tornozelos queimando e o ar foge de mim. Medo. Não, ela jamais faria isso, ela me ama, tanto quanto eu a amo - Não, pra quem estou mentindo além de mim? De onde vem essa esperança tola e fútil de que algum ser da criação é capaz de verdadeiramente amar um rimador de versos tortos e uma criança abandonada por deus?

Desabo na cama, estirando os braços e as pernas. Sou um bom menino, se me comportar ela vai me recompensar, ou não? Fecho os olhos e espero o toque cortante do lenço.

- Como quiser, meu bem.
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