Vincent Shaw

ALGUM LUGAR NO TOPO DO MUNDO – 1018 – NARRAÇÃO – GUNNAR LEIFSON

Gunnar Leifson[1] não esta feliz com a idéia de abandonar Leifsbudir[2] a despeito dos bons motivos apresentados por Thorkell, seu irmão mais velho. Gunnar é jovem e belicoso e não lhe agrada permitir que os skraelings[3] possam contar a seus descendentes como escorraçaram os vikings de volta a sua terra. Entretanto, não pode discutir com o primogênito.

Algum tempo depois, Gunnar se cansa da vida e resolve reunir um exército para colonizar novamente Vinland[4]. No entanto, seu drakkar enfrenta a maior tempestade que Gunnar já viu em sua vida e, quando termina, poucos de seus homens se salvam.

Agora, Gunnar está perdido na imensidão alva e congelada de alguma terra sem nome e precisa decidir rapidamente que providências tomar para que ele e sua pequena tropa não morram congelados.

_______________________
[1] Filho de Leif, o Sortudo, e neto de Eric, o Vermelho.
[2] Após sucessivas batalhas contra os nativo-americanos os vikings perceberam que a vida no Novo Mundo não será fácil sem apoio militar adequado ao qual não tem acesso e decidem abandonar a vila de Leifsbudir e o sonho de colonizar o que um dia será chamado de América.
[3] Os feios. Gunnar se refere aos nativo-americanos.
[4] Nome dado pelos Vikings à zona do Golfo de São Lourenço, Nova Brunswick e Nova Escócia

Gunnar ordena um de seus homens procurar alguma caverna para passar a noite, enquanto ajuda o restante de seu pequeno exercito a resgatar suprimentos e tudo que for de algum valor do navio destroçado.

— Estamos nas vésperas do Kaamos [1], Gunnar — diz Thorfinn, seu primeiro imediato — Talvez tenhamos vários dias de escuridão dentro em breve.

Os homens conseguem salvar alguns equipamentos, entre eles, material suficiente para acender uma fogueira. A despeito do frio congelante, eles permanecem firmes, mas sabem que precisam livrar-se de suas vestes encharcadas antes que congelem junto com elas.

Ragnvald, o homem que Gunnar enviou, volta com boas novas.

— Há uma caverna não muito longe daqui — diz ele — mas temi que não houvesse tempo de explorar seu interior e retornei o mais rápido possível.

[1] Kaamos: a noite polar.

A caverna é bastante espaçosa, a despeito dos temores de Gunnar, mas não o suficiente para que o calor da fogueira se disperse, de modo que, em pouco tempo, os homens estão secos e preparados para explorar a vastidão gelada.

Algumas rações que eles trouxeram foi resgatada do drakkar e Gunnar calcula que eles conseguirão mantê-la por três semanas. Esse, portanto, é o tempo que eles têm de vida se não encontrarem alguma caça ou nativos.

Os homens se aglomeram ao seu redor esperando suas ordens.